PROGRAMA LUZ PARA TODOS TIRA DA ESCURIDÃO MAIS DE 8,4 MILHÕES DE BRASILEIROS

Para escrever esta matéria, além de tecer comentários como economista, quero testemunhar a diferença entre não ter luz elétrica em casa e depois tê-la. Não ter equipamentos que funcionam com energia elétrica e depois tê-los.

Em 1975, 33 anos atrás eu morava em Roncador-Pr e na minha casa não tinha luz elétrica. Nosso chuveiro ficava pendurado no teto do banheiro, que era uma espécie de balde que tinha uns furinhos em baixo que quando se movimentava uma espécie de alavanca a água saia. Minha mãe fervia água e misturava com água fria para amornar e o banho tinha que ser rápido para não se congelar de frio porque lá naquela cidade o inverno é cruel.

Para iluminar a casa tínhamos um lampião a gás, me lembro que o botijão era laranjado e fazia um barulho parecido com computador que está com defeito. Tínhamos um rádio a pilha que escutávamos todos juntos os programas de música. Me lembro do Zé Betio de São Paulo e do Darci Fagundes do Rio Grande do Sul.

Algum tempo depois, veio a luz elétrica e fomos perceber o quanto aquele lampião iluminava mal. O chuveiro elétrico era o paraíso. Nossa primeira televisão era preto e branco e usada. Meu pai ligou a primeira vez e me lembro, estava passando um desenho animado. Depois em 1986 com o plano cruzado meu pai comprou uma sharp colorida e quando ligou, jamais vou esquecer, estava passando um filme que tinha uma casa com jardim florido, uma atriz com um vestido vermelho e tudo parecia ser lindo demais. Era uma tecnologia nova que tínhamos acesso.

O tempo passou e neste momento estou escrevendo uma matéria num computador moderno com um monitor de tela plana de 19 polegadas, e meu texto irá para internet a disposição de leitores de qualquer parte do mundo.

Graças a Deus moro no Paraná, um dos estados mais ricos do país, mas no nordeste, graças a políticos coronéis que sempre dominaram aquelas bandas, pobres nordestinos até pouco tempo atrás não tinham energia elétrica, essa tecnologia que eu conheci e passei a utilizar desde 1976.

Sobre levar energia elétrica para todo o nordeste, certa vez assisti uma entrevista no programa Jô onze e meia do SBT, que o então assessor econômico Aloizio Mercadante do eterno candidato a presidente da República LULA dizia: Se nós levarmos energia elétrica para o nordeste, vamos movimentar a economia de forma extraordinária, pois até chegar a luz nas residências, vai se gerar uma série de empregos e movimentar vários ramos da economia e imagine quando este povo começar a comprar todos os bens movidos a energia elétrica o impacto econômico que se gerará. E eu apaixonado por aquelas palavras e imaginando, será que um dia isso vai se concretizar? Naquele tempo falar em LULA era muito arriscado.

Pois é, o referido candidato se elegeu e hoje o governo federal está próximo de cumprir a meta de levar energia elétrica gratuitamente a 10 milhões de moradores do meio rural até dezembro de 2008, estabelecida pelo programa Luz para Todos em novembro de 2003. Desde então essa política pública coordenada pelo Ministério de Minas e Energia(MME), operacionalizada pela Eletrobrás e executada pelas concessionárias estaduais e cooperativas de eletrificação rural, já beneficiou 8,4 milhões de pessoas, o equivalente à população da Bolívia.

"O Luz para Todos não é apenas um programa de eletrificação rural, mas de inclusão social, onde cada beneficiado acende um brilho na lâmpada e outro nos olhos. É um brilho muito especial, de alegria, de felicidade, de dignidade e de cidadania, que nos motiva a enfrentar todas as dificuldades do dia-a-dia”, declara o diretor do programa, Hélio Morito Shinoda.

O programa abrange ao todo 26 estados, tem 8,4 milhões de beneficiários, 253 mil empregos diretos e indiretos, 599 mil unidades de novos transformadores, 3, 9 milhões de unidades de postes instalados, 747 mil quilômetros de cabos elétricos totalizando investimentos de R$ 8,1 bilhões contratados. Agora só falta esses quase 10 milhões de usuários começarem a adquirir os bens que funcionam a energia elétrica.

Será que com esse exemplo dá para se perceber melhor porque a popularidade do Presidente é tão alta?