segunda-feira, 3 de março de 2014

ÚLTIMA ENTREVISTA DA ELIS REGINA - UMA VERDADEIRA AULA

Interessante o que é a vida. Quando eu tinha 14 anos num domingo eu estava numa missa lá em Roncador-Pr e no sermão, o padre aproveitou o momento para encaminhar o "rebanho para o bom caminho" e usando a morte de Elis Regina que tinha morrido de overdose naquela semana, como um exemplo a não ser seguido. Eu não tinha a menor noção de quem seria a tal cantora. Só mais tarde descobri que além dos excessos, ela tinha um talento extraordinário, foi chamada de pimentinha e participou da luta contra a ditadura.

Hoje, aos 46 anos, ou seja, 32 anos depois, ainda me considero um cidadão com infinitas deficiências e falta de conhecimento, embora seja economista de formação, professor universitário de profissão. Sou amante de uma música de qualidade (que pode ser encontrada em quase todos os estilos), um apaixonado por pessoas inteligentes e politizadas e irreverentes que não se contentam em ser "água com açúcar" em ser "não cheira e não fede" em ser "cinza"  em "não incomodar", gente morna. Dentre tais pessoas tive o prazer de conhecer um pouco mais da Elis Regina na sua última entrevista alguns dias antes de morrer precocemente aos 36 anos, infelizmente, por consumo de bebida, cigarro e cocaína. Uma pena.

Na entrevista de 40 em poucos minutos, no programa joga da verdade, ela mostra porque foi chamada de pimentinha durante sua vida. Um sorriso encantador,  extremamente politizada, fez uma análise interessantíssima sobre os caminhos da música no Brasil já em 1982 e a falta de oportunidades para os novos talentos. O poder de pressão das gravadoras, o preço absurdo do discos, caro para quem compra e um percentual de apenas 10% para quem grava. A lógica do marketing e o do poder econômico, até de Bolsa de Valores ela falou. 

Hoje 32 anos após a sua morte e da referida entrevista, a grande Elis, para mim a maior cantora brasileira que eu conheci, deve estar se revirando no túmulo quando a sociedade brasileira apelida de cantores seres do tipo Valeska popusuda, Anita, os ditos (vale-me Deus) "sertanejos universitários" e outras tranqueiras mais. Vale a pena assistir e refletir a última entrevista da Elis Regina. CLIQUE AQUI.   

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