segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

MINHA PARTICIPAÇÃO NO FSTemático REALIZADO EM PORTO ALEGRE-RS EM JANEIRO DE 2016









































O evento chamado de FSTemático foi realizado em Porto Alegre de 19 a 23 de janeiro de 2016.

Fiquei quase uma semana em Porto Alegre-RS participando do Fórum Social Temático.  Além do aprendizado com grandes pessoas de várias partes do mundo que defendem uma esquerda autêntica, a convivência no ônibus e nos eventos juntos me faz lembrar de todos os companheiros de viagem.
Preciso agradecer o acolhimento que tive por parte das organizadoras da viagem (região de Campo Mourão) do  Sindicato dos Bancários , (Leonice Cazarin e  Nivalda Sguissardi Roy). Agradecimentos especiais a todo grupo da viagem que foi fantástico. Camaradas, companheiros, engraçados. Rimos muito também. Um grande beijo no coração de todo o povo do Sindicato dos Bancários das regiões de Umuarama, Guarapuava e Curitiba. Também para minha colega de Unespar Luciani Wolf e a outra não bancária, Sonia Castro Singer - Secretária da Cultura de Campo Mourão-PR, todos os professores da APP em especial o colega de quarto Carlos Roberto de Oliveira de Peabiru-PR, E todos os estudantes nossos que lá estavam e a duas representantes do MLT. Destaco que fiquei em hotel mas vários companheiros ficaram no acampamento e lá eu soube que o espírito solidário era muito forte e tudo o que era possível ser dividido, se fazia com muito  gosto.

Só quem participa do evento tem noção da diversidade de grupos, todos com pensamento de esquerda, uns mais outros menos. Pelas fotos da mobilização do primeiro dia dá para perceber isso. E havia muita gente lá, com certeza.

Fora as palestras, houve também as oficinas em todo o canto e muita cultura, música, arte, poesias etc. Todo tipo de manifestação possível e era naturalmente impossível assistir a tudo e quando os horários de duas programações excelentes batiam, era o coração que sofria.

Tive a honra de tirar foto ao lado do ex governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra, do ex-Ministro dos Esportes Orlando Silva, do ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont, do Sr. Odeb Grajew (idealizador do fórum há 15 anos), do diretor da Itaipu  e líder contra a privatização da COPEL Nelton Miguel Friedrich,  do Márcio Pochmann ex presidente do IPEA e do grande sociólogo Boaventura de Souza Santos. 

Cada participante teve sua impressão e com certeza algumas frases chamaram a atenção. Eu vou apontar o que vi e ouvi e cada internauta participante pode nos seus comentários, destacar suas impressões se desejar. 

Independente da ordem das programações  destaco a riqueza e a alegria daquela imensa e diversificada mobilização e só de ter visto o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra à frente já me senti orgulhoso. Ele depois nos outros dias, foi ovacionado em todo canto que chegava e é um dos políticos mais íntegros e carismáticos que eu conheço.

Destaco uma frase de um educador popular do Marrocos se não me engano,que afirmou: o termo “evasão escolar” deveria ser substituído por “mortalidade escolar”, porque cada criança/jovem nesta situação morre um pouco socialmente.

O grande destaque de todo o fórum e que participou de várias programações o sociólogo de Portugal Boaventura de Souza Santos fez algumas declarações de impacto: disse que todos os educadores deveriam ser também educados pela educação popular e chegou a exemplificar que após uma determinada aula, alguém do hip hop deveria transformar aquilo em letra e na sequência debater e ampliar o aprendizado.

O que ficou marcado para mim foi a defesa contra o golpe e a perda de mandato da presidenta. Todos lá sabiam que o tucanos especialmente, que se apresentam hoje com seus “bicos doces” se fazendo de santos e após serem derrotados na última eleição, dão tiro para todos os lados como se fossem um “Capitão Nascimento”, tentando encontrar brechas para derrubar o governo.

As forças de esquerda precisam lutar como um “gladiador” para isso não acontecer e o Boaventura alertou que a direita se une facilmente para alcançar o que deseja e a esquerda com seus vários partidos e segmentos não o fazem e podem perder a batalha.  Mas a defesa contra o golpe não significa passar a mão na cabeça da presidenta. Boaventura usou duas frases marcantes sobre isso: não devemos ter dúvida de que lado estamos, mas queremos que estejam do nosso lado. Na outra afirmou diante da Ministra das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos  Nilma Lino Gomes (que também fez uma bela fala): estamos defendendo o mandato da Dilma, mas queremos ter motivos para isso.

O recado foi dado por causa da ameaça e algumas coisas já concretizadas sobre o “facão amolado” dos cortes que prejudicarão os menos favorecidos. Um exemplo lá no fórum é que com a “diminuição dos ministérios”,  feito para, na doce ilusão de agradar a direita e os meios de comunicação, pode impactar na eliminação da Secretaria nacional de economia solidária que vem fazendo um trabalho extraordinário com as categorias menos favorecidas e no combate ao capitalismo selvagem.

Tive o orgulho de ser paranaense e ouvir atentamente cada palavra do senador Roberto Requião.

Ouvi atentamente a fala do querido ex governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra, após ser ovacionado, dizer com aquela calma e firmeza, que devemos ter paciência revolucionária. Num ataque às conveniências eleitorais do governo do PT, afirmou que muitas vezes se avança mais na derrota do que na vitória. E criticando certos tecnocratas do governo que nas suas salas refrigeradas ditam a política monetária do país, afirmou: quantos votos do povo tem  os membros do Conselho Monetário Nacional? Sabe-se que muitos são oriundos de diretorias de bancos e o aumento da taxa de juros é para saciar a fome dos banqueiros e aumentar a fome da população.                

Assim como uma determinada “peça de roupa” em alguém pode dar o que falar, vi duas cenas aparentemente singelas que pareciam não se adequar ao “ambiente da cerimônia”, ou seja, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre-RS, na  entrega do título de cidadão honorário ao sociólogo português Boaventura de Souza Santos. A cena foi a seguinte: enquanto o vereador falava no púlpito, uma menininha sua filha talvez, ficou em certos momentos ao lado dele e na mesa de honra a grande deputada estadual e candidata a prefeita de Porto Alegre Manuela D’avila – PcdoB estava com o seu bebezinho no colo. Talvez aquilo não era adequado para o momento na visão de algumas pessoas, mas é muito mais adequado do que as maracutaias e acordos sinistros que acontecem na maioria das casas legislativas do país.

Vi a estudante Camila Lanes da União brasileira dos estudantes secundaristas – UBES falar à platéia com uma desenvoltura extraordinária, considerando seus apenas 19 anos.

Vi um representante de Cuba ser aplaudido de pé somente por afirmar que Cuba saúda todos vocês.

Vi Reginaldo Bispo do Movimento Negro do Brasil afirmar que no Brasil a quantidade de jovens negros mortos por ano é maior que todas as pessoas que morrem nos países em que há guerra civil.

Vi um cadeirante representante do hip hop falar parte de duas de suas músicas no meio de um discurso e emocionar a todos.

Assisti a um evento que me interessou muito em que o tema foi “justiça fiscal para um mundo melhor”. Com as presenças do Dão Real Pereira dos Santos do Instituto Justiça Fiscal, Grazielle David do Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC, Vilson Romero da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal – ANFIP e Luiz Martins da Delegacia Sindical do SINDIFISCO NACIONAL em Salvador. Todos eles confirmaram que a proposta de mudanças nas alíquotas que o PT vai sugerir ao governo federal é exatamente o estudo deles e que se for implantado, diminuirá imposto de renda da classe média e enfim vai tributar melhor quem ganha muito dinheiro neste país e paga menos proporcionalmente.

Ainda nesta mesa estava a grande estrela, o economista, professor da Unicamp e ex-presidente do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) Márcio Pochmann. Ele afirmou que a sociedade precisa ser convencida de que tributo é elemento de cidadania e princípio civilizatório; que baixa carga tributária não acontece em países desenvolvidos; que a política deve conduzir a economia e não o contrário; que há cem anos em que a expectativa de vida da população era de 35 anos, 7% do PIB era suficiente para os gastos fiscais atualmente haverá pessoas que chegarão aos 100 anos e isso implicará mais recursos fiscais e problemas sérios para a previdência social; que um terço dos aposentados continua trabalhando (incluindo quem já recebe muito bem) e isso não tem sentido econômico e social; que a sociedade hoje no Brasil acaba sendo violenta, agressiva e depressiva; que temos um grande problema: os ricos e as grandes empresas quase não pagam impostos; temos que nos preocupar com a economia ambiental, quem produz mais lixo tem que pagar por isso, não há outra alternativa de justiça fiscal; não há tributação supra nacional e há empresas com faturamento maiores que alguns Estados; e para minha surpresa ele afirmou que os EUA, grande potência mundial vive em constante processo de apagão (energia, portos etc caminhando para o sucateamento); que a dívida pública dos EUA saltou de 55% para 111% do PIB. E finalmente que para mudar o sistema tributário brasileiro, que é regressivo, ou seja, quem ganha mais paga menos proporcionalmente, é preciso formar novas maiorias na sociedade e o trabalho é árduo.        

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